Servil
Era tanta saudade e tanta ausência,
Tanta presença tua em meu vazio
Que vi dos olhos transbordar-me um rio
De dolorosas pedras
sem clemência.
E pude então, fazer bem pouco, creias,
Pois nem sentia mais correr nas veias
Aquele sangue quente
de outrora.
Era arremedo o que corria agora.
E vi que a faca da saudade treme
Nas mãos doentes do destino vil
De quem se faz poeta e perde o leme.
E rasga a carne de maneira torta,
Rompendo a alma que se faz servil
Ao sentimento que a fere e corta.
Otacílio Monteiro
Aprendiz de sonetos