segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Aprendiz de sonetos



Servil

Era tanta saudade e tanta ausência,
Tanta presença tua em meu vazio
Que vi dos olhos transbordar-me  um rio
De  dolorosas pedras sem clemência.

E pude então, fazer bem pouco, creias,
Pois nem sentia mais correr nas veias
Aquele  sangue quente de outrora.
Era arremedo o que corria agora.

E vi que a faca da saudade treme
Nas mãos doentes do destino vil
De quem se faz poeta e perde o leme.

E rasga a carne de maneira torta,
Rompendo a alma que se faz servil
Ao sentimento que a fere e corta.

Otacílio Monteiro
Aprendiz de sonetos

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Sua majestade, o Samba


Benção 


Santo 

seja o samba com seu rosto negro,

Sua alma negra e seu reverso branco!

Santo

Seja o samba com seu véu de seda,

Sua lua branca, seu olhar aceso!

Santo 

Seja o samba de cantar as mágoas,

De acender as velas e calar o canto!

Santo 

Seja o samba de vazar as horas,

De enrolar o tempo e enganar o pranto! 

Santo, Santo

E bendito seja 

O samba que nasce em terreiro

E se planta no asfalto!

Abençoado o batuque,

O samba de roda e o partido alto!

Santo, santo e bendito

Seja o samba altaneiro,

Que atravessa fronteiras 

Porque não tem paradeiro!

Abençoado o samba,

Criança de pés no chão!

Bendito seja o pandeiro;

Salve o samba brasileiro,

Feito na palma da mão! 

Otacílio Monteiro