segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Frio?





 Sussurro

Frio? Então se deite
aqui juntinho, ao meu lado.
Eu trago café-com-leite
e dengos de namorado.

Um calor que vem de dentro,
que vem chegando com calma,
mas revira o pensamento
aquecendo corpo e alma.

Não tenha medo do frio.
Ele não vai resistir,
quando em trabalhos de cio
seu corpo ao meu se fundir.


Otacílio Monteiro

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Euzinho



Assinatura

Eu,
repleto de vírgulas
e reticências,
sujeito simples
com ganas de coletivo.




Otacílio Monteiro
(Contradança - no prelo)

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Remexendo o baú


Conquista

Teus olhos banharam de mel
o meu corpo
e banharam-se nos meus.
E eu que era tão feliz,
tão dono de mim
e do meu querer,
caí aos teus pés
de mulher apaixonada
e penetrante.

E já estou de novo
sorrindo bobo
e já estou de novo
chorando à toa,
meu corpo cachorro-sem-dono
todo coração.

Tento subverter-me:
Onde coração, cabeça.
Onde tesão, controle.
Lógica, onde paixão,
e total indiferença.

Morrem na praia os meus planos.
Os anos não me ensinaram
a domar os sentimentos.
Agora, tens uma bandeira
fincada no meu peito.
Enquanto durar esta invasão,
peço que me faças feliz.
Vou me entregar à tua doçura,
a bárbara doçura
dos que conquistam.

Otacílio Monteiro
(O Amor em doze poemas - 1991)

sábado, 5 de janeiro de 2013

Canção extraída de um nome



Você veio de dentro da noite
e do fundo de um nome
(o seu nome que eu já sabia)
de beleza pálida
de cabelos negros
morenice clara.

Você veio dos dias tão curtos
que passamos juntos
(o tempo tem essa magia)
de beleza nervosa
de olhos acesos
meninice rara.

Da meninice em si impregnada
E do desejo adulto
De fugir da infância
você veio inteira
num sorriso imenso
no prazer das horas.

Você voltou para a noite
e o fundo d’alma
do nome que eu já sabia
hoje inspira vida
e uma espera calma
feito a poesia.


Otacílio Monteiro
O Direito da Voz (1989)