sexta-feira, 9 de novembro de 2012

A perdição de Augusto Patriarca



Súbito, dispara o coração a bater mais forte, acelerada e desordenadamente. Foi um susto danado, não por desconhecimento daquele sintoma, mas pelo inusitado da ocasião.

Ele não estava preparado nem desejava aquela situação. O destino prega cada peça! Um absurdo, um homem babando de paixão e desejo, no alto de seus sessenta anos.

O objeto de desejo estava, desconcertantemente, à sua vista, olhos nos olhos. De frente pro crime, tentou se imaginar fora da situação. Não, não era ele quem estava ali. Mas a mulher o seduzira definitivamente.

Ele, que prometera a si mesmo e à família jamais se perder novamente a tão mundanos prazeres; ele, o compenetrado Augusto patriarca, que tanto se policiara e tanto se resguardara. 

Mas a carne é mesmo fraca. Entregue, louco de vontade e já se penitenciando, o diabético Augusto sucumbiu. Encarou a garçonete e pediu, ansioso, todos os doces a que tem direito um inveterado boêmio do açúcar.



Otacílio Cesar Monteiro

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