sábado, 8 de março de 2014

Saldade

Saldade

Respeito e até gosto da saudade. 
Sem uma pitada de saudade, que nesse caso deveria se chamar saldade, com o perdão do infame trocadilho, que seria do poeta, dos apaixonados e dos experientes? 

Mas ficar preso às correntes do passado, aí é outa coisa, e coisa salgada demais para ser saudável, amarga demais para degustação constante. 

Uma pitada de saldade por dia, regada a música do Porto ou samba genuíno, sensorial cachaça de quem ouve amores. Isso, sim, o doutor recomenda. Se não recomenda, cassemos logo o diploma do bruto. Não entende patavinas desse troço de depressão.

Otacílio Monteiro

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Aquela praça, aquele banco...

Oração encabulada

Praça Toledo Barros, Ano 2.000

Senhor dos jardins e praças,
protegei das arruaças
ambientes tão gentis.
Livrai tão nobres recantos,
conservai os seus encantos,
fazei o povo feliz.

Oro pela harmonia,
pelas flores, pelas cores,
pelas fontes musicais.
E porque brega é a tia
oro e choro todo dia
tempos que não voltam mais.

Choro  a Pracinha da Bíblia,
Praça Nações Unidas
e  a Praça Adão Duarte.
Sem rima ao livro sagrado,
choro a General Salgado
e já vou a outras partes.

Choro, enojado a escarros,
a  Praça Toledo Barros
e seus banheiros da gruta,
a nossa gruta querida.


Teve passado de glória,
Foi vibrante, foi finória,
mas hoje dá cada história
que até mesmo Deus duvida.

Para não ser cansativo,
e  já pedindo perdão
pelos redutos não ditos
nesta precária oração,
rogo que olheis sete vezes
pela Luciano Esteves,
esse jardim tão bonito
que pede manutenção.

(E, confessando um pecado,
digo-vos, encabulado,
que podia ter rimado,
com mais imaginação,
roubo, assédio,  mendigos,
falta de iluminação,
buracos, drogas e mijo,
pinga e prostituição.)

Otacílio Monteiro

Limeira/SP

domingo, 26 de janeiro de 2014

Poesia em noite de Lua cheia

  














Se você não negocia
Com as coisas do além,
Muito cuidado e ciência
Ao entrar na escuridão!

Para adentrar o escuro
é preciso, pelo menos,
Armar-se de alma leve.

E é por isso que existe
A noite de lua cheia:
Para estreitar céu e terra
E nos falar de mistérios.
Para desanuviar
caminhos muito pesados.



Otacílio Monteiro

sábado, 25 de janeiro de 2014

Poesia em tarde de muito sol

 Trindade / RJ 




Refrigério

Em tardes de sol bem quente,
mas de sol bem  quente mesmo,
um banho de mar, a mata
e muita água resolvem.

Mas se o sol se faz na  alma,
mas sol dos ardidos mesmo,
que ferve e  torra os  miolos,
quem pode dar  um refresco?

Com que mares , águas,matas
se resolverão os grilos?
A quem pedir refrigério,
a quem implorar auxílio?


Otacílio Monteiro