Errante
Do que fizera, do que vivera, apenas restaram vozes. Soturnas vozes
desconexas, a lhe torrar os miolos.
Deu
as costas para o mundo, num belo dia de frio. Ia sumir por aí, seguindo o rumo
do vento. Voltaria quando as vozes, enfraquecidas e roucas, se cansassem do
caminho e lhe pedissem arrego.
Não
voltou, nem deu notícias. Caminha torto pelo mundo afora, a sacudir a cabeça.
As vozes, atrapalhadas, seguem seus passos errantes. Aguentam firme a toada,
marcando o ritmo trôpego.
Otacílio Monteiro
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirSomos todos errantes!
ResponderExcluirLindo poema!
:) Obrigado..acho que somos, mesmo!
ResponderExcluirProsa poética cheia de beleza. Envolvente. Um tanto triste, mas que lindo texto. Parabéns, Otacílio Monteiro. Bom nos perder pels bandas de cá.
ResponderExcluirBeijo ternurento e votos de sucesso.
Clau Assi
:) Perca-se mais, então. Bjs!
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