sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Trem da vida


Passagem


Os pés de Laura correram até o quintal. Subiu no muro, sabe-se lá com que rapidez; o corpinho de criança, a alma já ficando adulta, corrompida na separação. Deu tempo ainda de ver Eduardo passar no trem. Ela conseguia enxergá-lo através do metal, do duro, frio e indiferente metal da composição.
Meses depois, decidiu que seu coração seria trem. Muitos Eduardos passariam por ele, mas ninguém mais moraria ali.
Abrigar amores dava trabalho demais. Laurinha aprendera aos 11, com o boy da cidade grande.




Otacílio  Monteiro 

2 comentários:

  1. Oi.
    Narrativa poética que cutuca nossa vontade de saber mais...
    Abraço.
    Em divina amizade.
    Sonia Guzzi

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  2. :) Pois é...já disseram isso. mas é um microconto, acaba aí mesmo. Beijos!

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