Agenda
Se
em vida me fazem pouco,
morto
quanto valerei?
Quanto
valerá o rouco
verso
dirigido ao rei?
Quantos
lembrarão meu rosto
e as roupas que escolhi
para
os bailes onde apenas
ou
nem mesmo eu me vi?
Se
em vida me fazem pouco,
morto
quanto valerei?
Quantos
loucos debruçados
Sobre
os versos que farei
Lembrarão
os meus prazeres
E
os seres a quem amei?
Quantos
lembrarão meu nome
quando
na mesa de um bar
ou
quando as cordas trouxerem
o
que eu gostei de cantar?
Ao
menos fazendo choça,
quantos
lembrarão de mim
ou
da fossa que eu curtia
ao
toque do bandolim?
Meus
pais, irmãos e amigos
e
parentes em geral
farão
aos meus inimigos
ao
menos guerra mental?
As
namoradas que tive
lembrarão
os beijos meus,
guardando
entre seus pertences
Os
meus escritos plebeus?
Quem
guardará minha agenda
de
compromissos perdidos
e
endereços errados
e
telefones vencidos?
Quem
lembrará minhas datas,
Se
em vida sou esquecido?
Quem
colocará à venda
os
livros que imaginei;
quem
seguirá minha senda
mesmo
tachado de louco?
Morto,
quanto valerei
Se
em vida me fazem pouco?
Otacílio Monteiro
Poematéria (1988)
Menino, gostei da forma que escreves... A sensibilidade aflora de um jeito perfeito e nos transmite o que muitas vezes nos oculta a alma. Belos versos, grandes verdades traduzidas de forma suave e que ainda nos possibilita entrever nas entrelinhas sonhos e encantos de uma existência.
ResponderExcluirParabéns... Amei!!!
Sem palavras para agradecer. Abraços!
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